Me desnuda os poros
Me frangalha os nexos
Me polui o sexo
Tu, pompuda
Me invade
Me constrange
Me aguça
Ai de ti
Em teu silêncio inerte
Ai de mim
Que me calo em febre
Ai de nós
Que não sabemos um do outro
E caminhamos sós
Me desnuda os poros
Me frangalha os nexos
Me polui o sexo
Tu, pompuda
Me invade
Me constrange
Me aguça
Ai de ti
Em teu silêncio inerte
Ai de mim
Que me calo em febre
Ai de nós
Que não sabemos um do outro
E caminhamos sós
O centro da cidade
Abstrai seu coração de concreto
Em seu círculo vicioso
De ângulos retos
Pessoas se perdem nas esquadrias
De suas vias
De nomes pomposos:
“Marechal Não Sei das Quantas”
“General Etecetera”
”Fulano de Tal”
“Beltrano”
Os revolucionários não dão nome
Às ruas
Pois passam por elas
Movidos por algo maior
Sei do pedaço de Eternidade que me habita.
Trago uma fenda em meu peito donde me olho num espelho.
Falo calado. Penso em voz alta. Capto o outro em pensamento, sem nada dizer.
Me perco, no outro me encontro: Me apego.
Me perco no outro, me encontro: Desapego ou nem pego.
Comunico em obscuro claro e sub-objetivo.
Não posso ser acusado de não dizer o que já foi dito nas entrelinhas.
Quando estou com a alma empoeirada, minha fala sai assim meio embargada.
Pareço parecer mais do que ser, me revelando um outro ser que me orbita e por hora me habita.
Queimo por dentro, mas não mais dum fogo ardente.
É mais um latido latente de um cão sem dente e sem osso pra roer.
Minh`alma nesse estado faz doer a mim e aos do lado.
Do lado de lá vejo nada.
Apenas luz e ribalta.
Pro lado de cá não tem escada, nem jangada que traga quem ousar pisar nesta calçada sem fundo.
Todo palco é um mundo (à parte).
Minh`alma assim reflete um mundo sem princípios, só o fim.
Tudo cinza e chuva e chuva cinza (não prateada).
Tento iluminar-me ao mundo numa risada.
Nada: é pouco.
Tento extravasar minha fúria num soco.
Mas isto não me pertence.
Minh`alma quando guarda este resquício de dor e mágoa se esquece.
Esquece que é amor.
Que sou ator.
Que minha função é forjar estados.
Que meu estado é um forjar de funções.
E nisto não há torpor ou emoções.
Apenas técnica.
blog em parceria com pessoas que se comovem com... ouvem! Um registro sem compromisso de tudo aquilo que me toca citar, um respiro (in)tranquilo para os modos de olhar, um (re)tiro no escuro para se-me-nos escutar, mesmo sabendo que nem tudo está aqui ou em qualquer lugar, mesmo sabendo que nem nós estamos aqui e que o aqui pode ser um não-lugar. Sinta-se em casa, no seu modo-sala de estar...