quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

“Caminhamos sós”

Tua tez, miúda

Me desnuda os poros

Me frangalha os nexos

Me polui o sexo


Tu, pompuda

Me invade

Me constrange

Me aguça


Ai de ti

Em teu silêncio inerte


Ai de mim

Que me calo em febre


Ai de nós

Que não sabemos um do outro

E caminhamos sós

“Simples”

Para escrever poemas

É preciso

Ver poesia

Nas coisas

“Nome de Rua”


O centro da cidade

Abstrai seu coração de concreto

Em seu círculo vicioso

De ângulos retos

Pessoas se perdem nas esquadrias

De suas vias

De nomes pomposos:

“Marechal Não Sei das Quantas”

“General Etecetera”

”Fulano de Tal”

“Beltrano”

Os revolucionários não dão nome

Às ruas

Pois passam por elas

Movidos por algo maior

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

"Uma estátua"

Uma estátua.
Um convento.
Uma lasca.
O vento.

Tiro no escuro.
Afago a olhos nus.
Dúvidas.
Cruz.

Um pouco de sorte.
E três pães de queijo.
Amor: vida e morte.
Veneno e remédio: desejo.

Filmes que vi.
Livros que li.
Cenas que fiz.
Romances servis.

Gosto gostoso.
Rosto vistoso.
Charme perene.
Mãos sem m.

Cama.
Mesa.
Banho.
Em quintal, casa e rua.

Cão sem dono.
Mulher nua.
Menino moleque.
Homem senhor.

Reticências.
Interrogações.
Pausas.
E canções.

Eu sou...

Sei do pedaço de Eternidade que me habita.

Trago uma fenda em meu peito donde me olho num espelho.

Falo calado. Penso em voz alta. Capto o outro em pensamento, sem nada dizer.

Me perco, no outro me encontro: Me apego.

Me perco no outro, me encontro: Desapego ou nem pego.

Comunico em obscuro claro e sub-objetivo.

Não posso ser acusado de não dizer o que já foi dito nas entrelinhas.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

“Alma de Ator não Dói ou Apenas Técnica"

Quando estou com a alma empoeirada, minha fala sai assim meio embargada.

Pareço parecer mais do que ser, me revelando um outro ser que me orbita e por hora me habita.

Queimo por dentro, mas não mais dum fogo ardente.

É mais um latido latente de um cão sem dente e sem osso pra roer.


Minh`alma nesse estado faz doer a mim e aos do lado.

Do lado de lá vejo nada.

Apenas luz e ribalta.

Pro lado de cá não tem escada, nem jangada que traga quem ousar pisar nesta calçada sem fundo.

Todo palco é um mundo (à parte).


Minh`alma assim reflete um mundo sem princípios, só o fim.

Tudo cinza e chuva e chuva cinza (não prateada).

Tento iluminar-me ao mundo numa risada.

Nada: é pouco.

Tento extravasar minha fúria num soco.

Mas isto não me pertence.


Minh`alma quando guarda este resquício de dor e mágoa se esquece.

Esquece que é amor.

Que sou ator.

Que minha função é forjar estados.

Que meu estado é um forjar de funções.

E nisto não há torpor ou emoções.

Apenas técnica.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

"Já fui..."

Já fui pedra, já fui melancia... Abelha... Flor...
Já fui pó de estrela, um dia.

Hoje sou assim: menino, poesia e amor.

Muito julgo, pouco minto. Muito sinto.
Sinto muito, mas sou assim.
E aí, gosta de mim?

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

sem reticências mais

Procuro, pois não procrio. Estou escuro no cio de escudo-peito vazio. Meu ex-coração lateja. Lampeja que nem tijolo baiano em testa de ferro mineiro. Dinheiro... Pra que dinheiro se ela... Não... Não vou mais usar reticências neste caso. Não caso e pronto!

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Estou magro...

Estou magro...
Magro de tanto comer
Quase morro de tanto correr
Quase todo de tanto me ser
Todo tolo de tanto você me vencer
O ouro de tolo que você me viu ser
É a folha de louro que você merecer.

Cosmo-agonia em espiral

Documentos no micro: expressões de momentos-confusões no macro
Cosmo-agonia em espiral voltante
1000 Volt’s, mil voltas, meus vértices
Cortes cortantes, rezas rezantes
Antes de tudo: reze antes.