sexta-feira, 16 de novembro de 2007

"Uma estátua"

Uma estátua.
Um convento.
Uma lasca.
O vento.

Tiro no escuro.
Afago a olhos nus.
Dúvidas.
Cruz.

Um pouco de sorte.
E três pães de queijo.
Amor: vida e morte.
Veneno e remédio: desejo.

Filmes que vi.
Livros que li.
Cenas que fiz.
Romances servis.

Gosto gostoso.
Rosto vistoso.
Charme perene.
Mãos sem m.

Cama.
Mesa.
Banho.
Em quintal, casa e rua.

Cão sem dono.
Mulher nua.
Menino moleque.
Homem senhor.

Reticências.
Interrogações.
Pausas.
E canções.

Eu sou...

Sei do pedaço de Eternidade que me habita.

Trago uma fenda em meu peito donde me olho num espelho.

Falo calado. Penso em voz alta. Capto o outro em pensamento, sem nada dizer.

Me perco, no outro me encontro: Me apego.

Me perco no outro, me encontro: Desapego ou nem pego.

Comunico em obscuro claro e sub-objetivo.

Não posso ser acusado de não dizer o que já foi dito nas entrelinhas.